Thursday, November 29, 2007

O teu medo cumpriu-se....

Puxou-a para si intensamente. Por todo o corpo o sangue era espartilhado e chicoteado, e isso provocava nele uma sensação de DOR que inexplicavelmente lhe concedia um prazer louco…
Os seus lábios estavam tão próximos dos dela… e o seu perfume envolvia-o como se de grilhões de ferro se tratassem. E ela olhou-o, fitou-o, mostrou-lhe que o desejava com o seu ar inocente…
Louco, extasiado ele quase sucumbia. A volúpia era agora demasiado física, intensa…
Ousou tocar-lhe e ela suspirou! Ele olhou e contemplou-a, adorou-a em todo o seu ser, desejando-a como nunca desejou ninguém.
O seu perfume, a sua pele, os seus olhos verdes enlouqueciam-no, e num momento ela se tornara um demónio pueril, e enfeitiçava-o, prendia-o e tornava-o só seu. E os seus olhos verdes brincavam com o seu desejo, deixando-o mesmo dorido de prazer.
Ele desejou desesperadamente beijá-la, e ela não permitiu. Mas o amor era demasiado, e o desejo crescia, e por isso se tornou submisso. Enleado pelos seus olhos, não sentia já o calor do seu corpo, e em gestos mecânicos, vivos, mas extasiantes, ele denunciava o quão nervoso estava… em todos os seus poros a revelação do seu amor, do seu desejo.
Ela, como menina, sorriu… e ele viu-a uma vez mais como uma mulher. Todo o seu se aliou a uma ternura inexplicável. Mas porque era ela uma menina num corpo de mulher??? Ele adorava-a… e suavemente contemplava toda sua beleza e inocência… e chorou! Por pensar, chorou!
Uma vez mais ela o aliciou… e enquanto uma estrela se extinguiu, ele puxou-a para si, desta vez de um jeito febril, doentio. Ela pôde então sentir todo o desejo carnal, sentir toda a tensão dos músculos nos seus braços. E num ápice ele viu que eram demasiados os homens que a desejavam. Eram demasiados os que a queriam, os que sonhavam tocar-lhe ou sequer roubar-lhe um beijo…
… sem mais, num instinto animalesco, como que transformado numa besta, sem qualquer vestígio de Razão e deixando fluir no suor da sua pele todo o ciúme e todo o ódio por esses homens que a desejam, beijou-a.
Arrependeu-se de súbito, pois julgava não ter esse direito!
Mas a menina que ele via à sua frente era para muitos uma mulher fatal. E ela amava-a demais, tanto que a desejava odiar por não compreender tal amor.
E nesse estado débil, quase demente quis matá-la. Para que nunca mais ninguém, consumido por um ópio ou um instinto, pudesse atrever-se a tocá-la…
Então com o ciúme a crepitar dentro de si, e o desejo a latejar nas suas têmporas como um ópio, premiu o gatilho e matou-a…
E aqueles olhos verdes espelharam num relâmpago um brilho especial, brilhando de novo uma criança… Antes de partir, ela teve ainda tempo de olhá-lo, fitá-lo e dizer-lhe: AMO-TE! E assim, o perdoara mesmo pela sua morte.
Manchado de sangue, LOUCO, PERDIDO ergueu-se… Estava agora disposto a matar todos aqueles que um dia ousaram amar a sua menina, aqueles que a desejavam tão veemente como ele, aqueles que um dia tiveram o atrevimento de adorar aquela que era a sua deusa.

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